A enfermagem tem como objetivo promover e manter a saúde, assim como prevenir doenças e assistir os pacientes garantindo-lhes saúde plena. Sobretudo, o enfermeiro cuida do paciente não só tratando-o fisicamente. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o profissional deve promover "o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença".
Esse cuidado inicia-se pelo levantamento de dados que torna possível a identificação do problema. Logo depois, é feito o diagnóstico pelo reconhecimento das necessidades e o paciente é encaminhado a um tratamento. Há o acompanhamento de todo o diagnóstico até que o estado de completo bem-estar seja sucedido.
Assim, o profissional precisa de qualidades como: observação e sensibilidade para perceber o que acontece com o paciente, comunicação bem desenvolvida, aplicação dos métodos e princípios aprendidos na escolarização, planejamento, avaliação, saber trabalhar em equipe, objetividade, dedicação, paciência, prestar muita atenção aos detalhes, gostar de lidar com pessoas, estar sempre atualizado quanto a estudo de tecnologias, ser dinâmico, além de saber tomar decisões em situações de pressão psicológica.
Exemplos práticos dessas habilidades necessárias podem ser vistos na orientação ou procedimento de atividades básicas de pacientes com doença de Alzheimer. O depoimento seguinte, retirado da Revista Mineira de Enfermagem, (Reme) de 2008, descreve muito bem o quanto o cuidador desse tipo de paciente deve ter as habilidades descritas:
“Não toma mais banho só [...]. Todo o asseio sou eu que faço...sou eu que dou, de manhã e à noite. Só eu que posso dar banho. Então, eu realizo a higiene que tem que ser feita. A comida é pastosa, na hora certa e na boca [...] a gente tem que ter uma higiene redobrada. Procuramos colocar mais verduras, frutas e sucos. Retirei a prótese procurando dar sempre sopa, sopa de legumes, tudo batido num liquidificador, porque se torna mais fácil. Como eu sei que o período dela urinar é de 3h a 3 horas e meia, quando dá três horas, eu fico de olho, a levo para o banheiro e ela realiza as necessidades dela, tiro sua calça do pijama, a calcinha e a fralda. Sento-a no vaso sanitário, deixando-a ali, mas sem sair de perto, para que faça sua necessidade fisiológica, após isso a levanto e coloco-a no bidê (às vezes ela ajuda) para fazer sua higiene. Tiro sua dentadura superior, lavo-a escovando bem e penteio seus cabelos. A gente se comunica pelo olhar. No lidar do dia-a-dia, você acaba entendendo tudo que se fala. Quando eu faço alguma coisa que ela quer, ela sorri, ela aceita. Para sair, sou eu que visto. Você tem que colocar a fralda, tudo. Não ajuda a tirar a roupa, não ajuda nem a caminhar. Só sai (de casa) acompanhada. Levo para passear na parte da manhã e à tarde.”
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Entre inúmeras doenças neurodegenerativas, a doença de Alzheimer é a mais presente na atualidade. Em todo o mundo, existem cerca de 17 a 25 milhões de pessoas com a doença, que aborda de 8% a 15% da população com mais de 65 anos. Dados indicam que uma em cada 10 pessoas maiores de 80 anos deverá ser portadora até o final da vida.
Além de fatores genéticos de herança autossômica dominante, é também causada pela toxicidade a fatores como ao alumínio, a radicais livres de oxigênio, a aminoácidos neurotóxicos e os danos em microtúbulos e proteínas associadas.
Torna-se complicado a tentativa de aconselhamento genético somente com base em modelos teóricos, já que a doença é caracterizada pela heterogeneidade de cinco ou seis genes principais. Com isso, utilizam-se os riscos baseados em observações experimentais de outras famílias com a doença. Estudos indicam que a partir dos 80 anos é de 4 a 5 vezes maior o risco de desenvolver a doença do que em famílias sem a doença.
Até onde de sabe, o gene da ApoE4, com a localização cromossômica 19, é um dos genes considerados de risco, já que abrange aproximadamente 50% dos casos. Mas ainda a identificação dos outros genes deve ser melhor pesquisada para a realização de diagnósticos de predisposição genética pois cada gene contribui para um pequeno efeito, assim quando juntos agravam a doença. Outros genes envolvidos com a doença são APP, da PSEN1, o da PSEN2, S100b e cPLA2.
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A doença é progressiva, irreversível, tem sintomas como perda de interesse ou motivação, depressão, agitação e agressividade. Acarreta perda de domínios como perda de memória recente, linguagem e funções motoras, dificuldade em fazer tarefas domésticas cotidianas, perda de noção do tempo, discernimento reduzido e troca de lugares comprometendo o indivíduo a dependência de um cuidador, como já ilustrado no depoimento.
Porém, essa dependência pode acarretar distúrbios psicológicos e físicos como angústia, ira e sentimentos de culpa de não estar fazendo o bastante, ocasionando no cuidador a Síndrome de Burnout, que pode ser solucionada por tratamentos psicoterapêuticos.
Portanto, o enfermeiro deve ser mais bem assistido na instituição que trabalha por outros profissionais para que não chegue nesse quadro psicológico. Cursos de como lidar com esses aspectos e palestras são essenciais para o profissional não ficar debilitado, já que lida constantemente com situações que envolvem seu emocional.
Comparação do cérebro de um paciente com alzheimer e uma pessoa normal mostrando a degenereação dele. |
Bibliografia:
http://migre.me/2j929 – CHRIZOSTIMO, Miriam M. “O significado da assistência de enfermagem segundo Alfred Schütz”. 2009. CIENCIA y ENFERMERIA XV (3): 21-28, 2009.
http://migre.me/2j9hI – SMITH, Marília de Arruda Cardoso. “A Doença de Alzheimer”. Revista Brasileira de Psiquiatria. Vol.21. São Paulo, Outubro 1999. (Explica aspectos genéticos da doença de Alzheimer e da metodologia empregada)
http://migre.me/2j9yb – FALCÃO, Deusivania V. S.. BUCHER-MALUSCHKE Júlia S. N. F. “Cuidar de familiares idosos com a doença de Alzheimer: Uma reflexão sobre aspectos psicossociais”. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 14, n. 4, p. 777-786, out./dez. 2009. (Discute o papel dos cuidadores e suas implicações, os principais motivos para cuidar do doente e conseqüências no cuidador)
http://migre.me/2j9F2 – SANTANA, Rosimere F. S.. ALMEIDA, Katia S. SAVOLDI, Nina A. M. “Indicativos de aplicabilidade das orientações de enfermagem no cotidiano de cuidadores de portadores de Alzheimer”. Revista Escola Enfermagem USP. Vol.43 no.2. São Paulo, Junho 2009. (Descreve a orientação recebida pelo cuidador, analisa a aplicação das orientações recebidas)
http://migre.me/2j9Nh – CARVALHO, Vilma. “Cuidando, pesquisando e ensinando: acerca de significados e implicações da prática da enfermagem”. Revista Latino-Americana de Enfermagem. Volume 12, n°5. Ribeirão Preto. Setembro/Outubro, 2004.
http://migre.me/2j9SD – CARLOTTO, Mary Sandra. “Síndrome de Burnout e o Trabalho docente”. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 7, n. 1, p. 21-29, jan./jun. 2002. (Explicação da doença muitas vezes gerada nos cuidadores)
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